Afirmar que a eletromobilidade deve comeƧar pelos Ć“nibus nĆ£o Ć© nenhum exagero
A eletromobilidade deixou de ser um sonho distante para se tornar realidade. Para se ter uma ideia, em janeiro desse ano (2023) houve um crescimento histĆ³rico de carros elĆ©tricos vendidos, segundo a AssociaĆ§Ć£o Brasileira de VeĆculo elĆ©trico (ABVE). Nesse sentido, o crescimento foi de 76% em relaĆ§Ć£o ao mesmo perĆodo de 2022 e 241% em relaĆ§Ć£o a jan/21. Inclusive, a Liquid Works jĆ” desenvolveu uma soluĆ§Ć£o de pagamento para eletroposto via aplicativo Rek Pay.
Sem dĆŗvida, os nĆŗmeros sĆ£o inspiradores quando se pensa em reduzir a zero a emissĆ£o de gases do efeito estufa (GEE). Mas, quando se olha pelo prisma da mobilidade urbana, nem tanto. AlĆ©m de ser necessĆ”rio reduzir a quantidade de veĆculos particulares, Ć© necessĆ”rio democratizar os acessos. Para isso, Ć© imprescindĆvel ampliar o transporte coletivo e, principalmente, tornĆ”-lo menos poluente.
Em 2022, havia no paĆs 117 mil Ć“nibus municipais e metropolitanos. Destes, menos de 1% sĆ£o veĆculos de baixa ou zero emissĆ£o. Como resultado, eles sĆ£o um dos maiores responsĆ”veis pela emissĆ£o de gases poluentes. Em 2018 foram 200,2 milhƵes de toneladas de COā, representando o total de 10,3% de emissƵes totais de GEE do paĆs.
Afirmar que a eletromobilidade deve comeƧar pelos Ć“nibus nĆ£o Ć© nenhum exagero. Inclusive, foi esse pensamento que impulsionou Shenzen, na China, a se tornar a primeira cidade do mundo a ter todo o seu transporte pĆŗblico eletrificado. Ao todo foram necessĆ”rios oito anos para realizar a troca total da frota e contou com incentivo governamental. Passados 13 anos jĆ” Ć© possĆvel ver os benefĆcios.
No final de 2017, Shenzen jĆ” contava com mais de 16 mil Ć“nibus elĆ©tricos. Dessa forma, correspondendo a uma reduĆ§Ć£o total das emissƵes de CO2 de 1,353 milhƵes de tonelada. TambĆ©m houve economia de combustĆvel em mais de 95%, correspondendo 366.000 toneladas de carvĆ£o poupadas anualmente. Vale lembrar que, diferente do Brasil, a China nĆ£o tem fonte de energia renovĆ”vel, dependendo do carvĆ£o. Ou seja, nĆ£o Ć© possĆvel dizer que, mesmo com a eletrificaĆ§Ć£o, a cidade se tornou uma Ć”rea de zero emissĆ£o.
Tornar o transporte coletivo eletrificado tem se mostrado uma soluĆ§Ć£o viĆ”vel para a maioria das cidades e com ganhos reais. Primeiramente, sem dĆŗvida, a melhora da qualidade do ar. Segundo o Guia de Eletromobilidade, desenvolvido pela Governo Federal, āos veĆculos que queimam diesel emitem inĆŗmeras substĆ¢ncias ā com destaque para os Ć³xidos de nitrogĆŖnio (Nox) e o material particulado (MP) ā que causam problemas de saĆŗde e, por consequĆŖncia, reduzem a qualidade e a expectativa de vida da populaĆ§Ć£oā.
A eletromobilidade dos Ć“nibus tambĆ©m auxilia o desenvolvimento sustentĆ”vel, jĆ” que Ć© mais eficiente em comparaĆ§Ć£o aos veĆculos de combustĆ£o interna. Por fim, āpode proporcionar uma oportunidade de repensar a mobilidade da cidade como um todo, qualificando e integrando o sistema de transporte e, assim, melhorando a vida da populaĆ§Ć£oā (Guia de Eletromobilidade).
AlĆ©m de Shenzen, outras cidades pelo mundo jĆ” comeƧaram a eletrificaĆ§Ć£o do transporte coletivo. Londres, desde 2014, iniciou a introduĆ§Ć£o de Ć“nibus eletrificado. JĆ” na AmĆ©rica Latina, Santiago, no Chile, Ć© a mais avanƧada nesse sentido. Dessa forma, com cerca de 400 Ć“nibus elĆ©tricos, dos quase 1300 em circulaĆ§Ć£o em todos os paĆses do bloco.
O Brasil tambĆ©m estĆ” em busca da eletromobilidade, SĆ£o Paulo e Rio de Janeiro jĆ” contam com os primeiros Ć“nibus elĆ©tricos. Mas, Ć© a cidade de SĆ£o JosĆ© dos Campos – SP que estĆ” mais avanƧada, com o primeiro corredor 100% elĆ©trico do paĆs. Para atingir essa marca, a cidade assumiu todo o investimento da frota e, para isso, o recurso veio da outorga do estacionamento rotativo. Assim, comprovando que a Zona Azul pode ser um grande aliado da mobilidade urbana.
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