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Paris quer ser modelo de mobilidade urbana sustentável

Imaginar uma cidade sem carro pode ser impossível atualmente. Isso se dá, porque, a maioria delas cresceu horizontalmente e sem um planejamento urbano necessário. E não estamos falando apenas do Brasil, o mundo inteiro sofre desse mal. Longas distâncias a serem percorridas de casa para o trabalho, problemas com transporte público, superlotação, são alguns dos principais empecilhos para isso.

No post 5 ideias diferentes (ou não) para a mobilidade urbana trouxemos o seguinte dado: até o final de 2022, já existiam 1,44 bilhão de automóveis no mundo. Ou seja, estamos chegando no limite do suportável. Tanto que está cada vez mais comum, notícias de grandes engarrafamentos. Segundo a Comissão Europeia de Mobilidade e Transporte, os carros ocupam 50% do espaço das cidades em estrutura para circularem. Em contrapartida, em média, transportam apenas 1,5 pessoas por unidade. Além disso, são responsáveis por 30 mil mortes por ano e 120 mil pessoas com alguma deficiência permanente.

Os dados ainda podem ser mais alarmantes. O Inventário de Emissões Atmosféricas do Transporte Rodoviário de Passageiros no Município (Cetesb) de São Paulo, divulgado em 2017, afirmou que os automóveis são responsáveis por 72,6% da emissão do total de gases do efeito estufa. No entanto, só transportam 30% da população.

Obviamente, é fácil taxar o carro como o grande vilão. Mas, não é bem assim. Ele é uma alternativa, o problema está que, em muitos locais, é a única opção. E aí que está o erro. Por isso, hoje a ideia da cidade sem carro tem ganho cada vez mais adeptos. Sempre pensando em transporte coletivo sustentável e modais alternativos.

Cidade de 15 minutos

O conceito de cidade de 15 minutos é muito simples: tudo o que os moradores precisam (escola, saúde, comércio, lazer, trabalho) deve estar a 15 minutos a pé. Ou seja, sem a necessidade de qualquer meio de transporte. Simples, mas difícil, na prática. Praticamente, precisaria construir novamente os centros urbanos. E é o que se tem pensado.

O projeto The Line, do príncipe saudita Mohammed Bin Salman, já está sendo construído. Quando pronto poderá acomodar 1 milhão de habitantes em uma cidade sem carro (mesmo) e preservando 95% das áreas naturais. Ao passo que, serão 170 quilômetros de comprido com diversos complexos, onde os serviços estarão a 5 minutos a pé. E, caso seja necessário se deslocar pela linha, isso será feito apenas por transporte coletivo em, no máximo, 20 minutos.

Nesse sentido, na China há dois projetos. O Great City e a Cidade da Ciência e Tecnologia do futuro. O primeiro ainda não saiu do papel, mas o segundo já iniciou. Ambos têm em comum o fato de tudo estar a 10 minutos de caminhada, grandes áreas verdes, transporte coletivo (e ecológico) eficiente e mobilidade inteligente.

O desafio de Paris

Uma das grandes entusiastas da cidade de 15 minutos (e quem a colocou em evidência) foi a prefeita de Paris, Anne Hidalgo. Desde 2014, ela tem criado medidas para diminuir o uso de carros particulares na cidade. Vale destacar que, a capital é a segunda pior no quesito engarrafamento da Europa, só perde para Londres.

Um dos seus primeiros projetos foi fechar definitivamente as margens do Rio Sena para circulação de automóveis. Assim, dando espaço para pessoas e bicicletas. A medida foi implementada em 2016 e sofreu boicote e entraves legais dos grupos mais conservadores. Só em 2018, em um tribunal local, foi ratificada a pedestrianização da área.

Agora, para as Olimpíadas de 2024, Hidalgo quer transformar Paris em uma cidade exemplo de mobilidade urbana sustentável. Para isso, incentivando o uso de bicicletas, fechando mais áreas para carros, diminuindo a circulação para 30km por hora em áreas residenciais e ampliando áreas verdes. O desafio é grande, ainda mais porque ela continua sofrendo com oposições ao seu projeto.

Aqui no Brasil ainda não temos iniciativas desse gênero. Mas. Você pode fazer a sua parte. Toda vez que for sair de carro, pense se há realmente necessidade. Talvez, o seu destino possa estar a 15 minutos a pé da sua casa.

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